Frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam a produção de carne bovina destinada aos Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar, em 9 de julho de 2025, uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, com início em 1º de agosto. A medida, confirmada pelo governo estadual e pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems), afeta diretamente quatro grandes frigoríficos: JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi. A paralisação é estratégica para evitar acúmulo de estoques, já que a nova taxação torna as exportações financeiramente inviáveis. A carne estocada, destinada ao mercado americano, agora pressiona o setor a buscar alternativas, como Chile e Egito, enquanto os Estados Unidos, segundo maior comprador da carne brasileira, enfrentam inflação recorde no setor bovino devido à escassez de rebanho.
A suspensão reflete a gravidade da situação para o setor pecuário sul-mato-grossense, que depende significativamente do mercado norte-americano. Em 2025, a carne bovina desossada e congelada representou 45,2% das exportações do estado para os EUA, gerando mais de US$ 142 milhões, segundo a Federação das Indústrias do Estado (FIEMS). A medida de Trump eleva a tarifa total para 76,4%, somando os 26,4% já existentes, inviabilizando a competitividade do produto brasileiro.
- Principais frigoríficos afetados: JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi.
- Impacto econômico: US$ 142 milhões em exportações de carne desossada e congelada em 2025.
- Motivo da paralisação: Evitar estoques de carne que seriam taxados a partir de 1º de agosto.
O vice-presidente do Sincadems, Alberto Sérgio Capucci, destacou que a paralisação é uma resposta logística para proteger os frigoríficos de perdas financeiras. A produção para outros mercados segue normal, mas o ajuste nas escalas produtivas é inevitável enquanto o setor busca novos destinos para a carne.
Setor busca alternativas para driblar tarifa
A decisão de suspender a produção voltada aos EUA é uma medida preventiva, já que o transporte da carne até o mercado americano leva cerca de 30 dias. Enviar cargas agora significaria arcar com a nova tarifa, que eleva o preço da carne brasileira a níveis não competitivos. Capucci explicou que a estratégia evita o acúmulo de estoques que não teriam destino imediato, já que o mercado interno brasileiro não absorveria o volume excedente sem impactar os preços.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, destacou a preocupação com o estoque já acumulado. A carne destinada aos EUA, mas que não chegará antes de 1º de agosto, precisa ser realocada rapidamente. O governo estadual, em parceria com os frigoríficos, estuda mercados alternativos, como Chile e Egito, para minimizar as perdas.

